quinta-feira, 26 de julho de 2007

Perdoe a Deus

Perdoe a Deus, irmão. O que Ele te fez ou deixou de fazer foi certamente sem querer. Sem querer te magoar. Perdoe-O se Ele está de marcação com você. Perdoe-O se feriu tua justiça; se contrariou teus credos. Perdoe a falta de consideração para com teu trabalho; o indeferimento às tuas solicitações. Perdoe o estrondoso silêncio, a única resposta que obténs. Perdoe se Ele não correspondeu à altura de tua fé. Se você seguiu às regras e nada aconteceu; se olhando para trás, vês que tua vida não deu certo. Perdoe-O. E tanto mais olhas os bem aventurados, os agraciados, os reconhecidos, os amáveis, tanto mais se acha perseguido, sem graça, desprezível. Geras assim, combustível para o motor que traciona tua vida, queimando óleo de rancor, a produzir escura fumaça de teu próprio sacrifício como oferta ao Bem Supremo. Da mesma sorte sufocas assim, do eflúvio tóxico de amargor, a tantos outros ao redor.
Por certo, hão de estar cheios de razão aqueles que assim apertam seus corações na prensa das mágoas de Deus. Você tem toda razão em ficar de mal de Deus, pois ela, a razão, é uma poderosa máquina de julgar as coisas da qual você dispõe. Ela é capaz de processar os dados e os fatos, ela separa o bem do mal, ela seleciona o trigo do joio, ela ordena e catalisa maldições e graças... Só ainda não tem compreensão do por que Deus ainda se mostra tão obsoleto e lento em Seus processos.
Perdoe a Deus, de vez. Sem se valer de razão mesmo. Não que você vá oferecer mais uma chance a Ele, como professor que ao aluno ameaça de reprovar se não cumprir suas lições. Não encoste Deus na parede. Já O encostaram a um madeiro por uma vez, precisamente porque não o perdoaram. Não perdoaram porque falou e agiu ao contrário do que esperavam, ferindo e subvertendo toda uma ordem vigente.
Perdoe-O, pois se errar é próprio do humano, Ele, em se tornando Humano, fez-se então Erro. Se não compreendes, perdoe. Decerto não agiu como um verdadeiro deus... Ao invés de, das mais elevadas regiões celestes, julgar de uma vez, com severos castigos, preferiu demonstrar fraqueza e generosidade descendo aos mais baixos níveis da terra e ter paciência com todos. Ao invés de exigir que lhe fosse sacrificada uma virgem após a outra, a satisfazer, com o sangue inocente, sua volúpia divina, preferiu Ele mesmo sacrificar-se, imaculado, para espanto de outros deuses e criaturas pelo imponderável de seu ato.
Perdoe-O por não ser o Deus de tua imagem e que constantemente litiga com este. Dos muitos caminhos que tens para a relação com Ele, o melhor é o do perdão. Perdoe a Deus irmão.

Um comentário:

Anônimo disse...

complicado...muito complicado.