sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Dia perfeito

Clássico de Lou Reed em duas versões. Na primeira, com Elvis Costello, participando do talk show deste.
Na segunda com Pavarotti. Eu nem sabia que podia essa mistura.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Camisinhas e Rastreadores

Calma. Não é em camisinhas que vão instalar rastreadores. Ainda não.
Será nos automóveis. – Até o dia em que sairão de fábrica também com porta-camisinhas. (há hífen?)
Desculpem. Devo separar os assuntos. (tarefa sempre muito difícil pra mim, pois em minha cabeça tudo está muito misturado; saí de fábrica assim)

Rastreadores

Há uma resolução (245) do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que determina que, a partir de agosto desse ano, todos os automóveis saiam da fábrica com rastreadores.
Eu pergunto: a quem interessa tal medida, senão às próprias montadoras, aos fabricantes do aparelho e, principalmente, às seguradoras. - Talvez lá no fim dessa lista de interessados estejam os paranóicos da traição, que terão uma chance a mais de acharem seus parceiros.
Será que é certo isso? Quando na minha adolescência li George Orwell (1984), achei angustiante, mas longe de mim aquelas intromissões na liberdade. Hoje, digamos, estou procurando onde joguei o livro...
Será que não deve ser o consumidor quem deva decidir se quer ou não ser monitorado?
Vou preferir minha privacidade a um carro. Pelo menos até o dia em que colocarão o rastreador em mim.
Um pessimista é um neurótico diferente dos outros. Ele planta o milho, mas vai chupando o sabugo já no presente.
Imaginem que ficarão sabendo que, por exemplo, num domingo à tarde meu carro esteja nas regiões do Parque São Jorge... Conclusão: ele é corintiano.
Ou, ele estaciona sempre próximo àquela igreja-hospital (que opera nos cultos), todos os sábados e domingos... Concluem: ele é um desses charlatões, ou um operado.
Num dia eu resolvo passar em outro lugar ao sair do trabalho. Alguns dias depois, minha mulher me questiona o que eu estava fazendo naquele podólogo que também faz massagem tântrica, pois meu carro se encontrava estacionado em frente.
Como provar que eu estava comprando um componente do micro na Rua Aurora e não no “cinema”?
Num restaurante e não na Universal?
No hospital na Frei Caneca e não no shopping?

Camisinhas

O Ministério da Saude vai reforçar durante o Carnaval a distribuição de preservativos em todo país. Além dos 45 milhões de camisinhas distribuídos mensalmente, mais 10 milhões de preservativos serão disponibilizados durante a folia.
Por que é o governo quem tem que desembolsar, não apenas com os preservativos, como também com as campanhas?
Por que os fabricantes de camisinhas, os que lucram, – aliás são os únicos que lucram também quando suas marcas são colocadas no pau – não tomam eles a frente das campanhas por esse Brasil a fora e, dos lucros que gozam, ejaculem os custos?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Disk poesia

Pedi uma poesia,
meio lírica,
meio melancolia
com borda cínica,
forno à lenda.
A fome era grande,
a noite era enorme...
Esperamos sentados,
eu no seu colo
e depois deitados
com olhos no teto,
às vezes um sono,
às vezes um cheiro...
Trocar de sabor que tal?
Enquanto nada chega,
meio angustia,
meio euforia,
com bordas entediadas...
O vinho acabou.
Lambeu o restinho
o cão que achou
a poça no chão,
pois você esbarrou
e caiu do colchão
a taça em perigo.
Pegamos no sono,
tivemos um sonho:
a poesia chegou,
corri pro portão,
mas pisei nos cacos...
Feita de sangue
agora era a poça
que o cãozinho lambia.
Você foi pagar
enquanto eu gemia
e a fome era tanta
que você se despia...
Entregava-se ao entregador
que cobrava a poesia
e sem troco pro seu corpo,
ficava então como caixinha.
E eu gritava lá do chão,
meio pra ela,
meio pra ele,
e o cão lambia minha poça,
ali de sangue, a roldão,
e o entregador lambia a moça,
ali mesmo no portão
enquanto esfriava a poesia
e a hemorragia eu estancava,
como quem gostava você ria...
Vinho e sangue do chão secaram;
de perder sangue eu desmaiava;
de lamber vinho o cão me mordia,
na orelha e na virilha.
Desacordado eu gemia
e você lá fora gritava,
meio pra ele,
meio pra mim...
O ouvido me doía,
não do grito,
mas da dor.
Meio vivo,
meio torpor,
ouvia o hálito da tua voz,
com ternura me acordando...
A poesia tu comias,
meio tristeza,
meio delicadeza.
Do sonho me escapei,
mas fome já não tinha.
Lembrei-me da poesia,
se ela vinha ou não vinha;
nua e obliqua,
meio sem graça,
meio sem jeito,
você me relata:
entregaram a coisa errada!
Veio prosa em pedaços,
recheio de sujeito,
cobertura de predicados
com borda de verbos...
Fiquei indignado.
Quis me levantar,
mas no chão havia cacos;
na tua cara uns olhares,
no cão uns rosnares...
Meio pra ela,
meio pra mim.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Um palíndromo

Ô PORRE MEU! QUE LEI NADA DANIEL, EU QUEM ERRO PÔ!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Um acordo que fizeram aí

O menino chegou bem confuso em casa, depois da explicação da professora sobre o novo acordo ortográfico.

- Mãe, por que não tem mais hímen?
- O que filho?! – pega de surpresa.
- É, você não tá sabendo que não tem mais hímen?!
- Como assim? – achando precoce a pergunta, mas tentando se recompor.
- Putz! Vou ter que explicar... Nem entendi direito.
- Filho, escuta. Ainda existe hímen sim...
- É, mas a professora falou que não é em todas que tem.
- A professora falou isso?
- É, a de português.
- Olha filho, não sei por que ela te falou isso, mas não é assunto da matéria dela e...
- Como não? Ela sempre fala essas coisas pra gente.
- Depois a mamãe vai conversar com ela. – já quase indo àquela hora mesmo.
- Não mãe! Ela vai pensar que eu sou burro!
- Acho que ela é que não bate bem...
- Ela disse que aqui no Brasil é tudo muito atrasado... Como assim mãe? Fora o ônibus, o que mais atrasa?
- E ela é moderna demais pro meu gosto. – já perdendo as estribeiras – Fala pra ela, que se há muito tempo ela não tem, é problema dela!
- Mas Ana-Clara tem hímen, mãe?
- Ora, claro que não menino! Ela já tem filho da tua idade...
- Ah tá... Ela deu pro Luis-Augusto?
- Que jeito de falar moleque! Pra quem ela de... Quer dizer, com quem ela perdeu, é problema dela...
- Coitada...
- Coitada por quê?
- Porque ela perdeu... Pensei que estava com o filho dela... O Luis Augusto...
- Filho! Homem não tem hímen!
- Êêêê... Isso eu sei mãe! Só quando homem não tiver o “h”, uma coisa assim...
- Não acredito nisso...
- É sim mãe. Ela falou que sem “h” pode até ter...
- Que mais ela falou, essa...?
- Por que você tá brava com ela mãe?
- Não to brava!
- Ah já sei.
- O que?
- O seu tinha e você também perdeu...
- Menino! Onde já se viu?! “Perder” é uma forma de falar... Mas não é exatamente isso.
- Caiu? Como outros pontos?
- Vou tirar você dessa escola é hoje mesmo!
- A professora não tem culpa... É um “Acordo” que fizeram aí...
- Acordo?! Que Acordo? Isso já é caso de polícia!
- Nossa mãe! Não sabia que o hímen era tão importante assim pra você...
- É sim!... Quer dizer, Foi! Foi sim. E todos deviam se importar com isso!
- A professora Ana-Clara... Ana Clara é legal. Só quer ajudar...
- Para!
- Ela disse que a gente só precisa... Como é mesmo?... Tomar cuidado onde... Acentar... É isso.
- Agora chega! Já pro teu quarto! Mal saiu das fraldas...

Não resolvido, o menino sai, mas de longe:
- Mãe... Falando nisso... Recém-nascido tem hímen né?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

ca FÉ com LEI te - Ditados

Todos já devem ter se perguntado, como começaram esses ditados que falamos e ouvimos por aí. Cumprindo sua missão de dirimir as questões que todo crente-cabeça (tem hífen?) se recusa, ou não sabe responder, o caFÉ com LEIte trás a sessão:
Quem Começou o Ditado.

1 - “Mente ociosa, oficina do Diabo”

Adão veio com essa ao discutir com Eva a sua falta do que fazer, enquanto ele dava um duro danado colocando nome nas coisas... Mas aí já era tarde demais.


2 - “Mata a cobra e mostra o pau”

Eva disse para Adão, buscando no parceiro o herói e, dissimulada, pede para ver a arma para então fazer sossegar sua ira de vingança.

Uma fonte, não fidedigna, embora também muito aceita, diz se tratar de chantagem de Eva para com Adão; constituindo assim, a primeira chantagem da mulher ao homem.


Li em 2009

Tá bom. Não sei o que isso vai contribuir aos meu leitores, mas vá lá:

1. Manual da roçadeira Toyama - 5 pg
2. Bula do Levitra Vardenafil - 1/2 pg (talvez valha por uma, pelo tamanho da fonte)
3. Dois capítulos do livro de Gênesis (Bíblia) - 2 pg
4. "História da Rua Vinte e Cinco de Março” Assoc. Comerciários, Castro Ed, São Paulo SP - 10 pg
5. A “orelha” de alguns livros num sebo.
6. Uma redação do meu filho quando ele tinha 11 anos - 1pg
7. Tres Boletins da Igreja Projeto Raízes - 2 pg
8. Letra de uma música do Lou Reed - 1pg
9. Textos aleatórios de blogs como pavablog, metamorfoseante, obvius, doxabrasil, volneyf e outros - +-6pg.
10. Quatro versos de Rimbaud.
11. Uma orientação do PROCON via web de como proceder pelos meus direitos contra a Cia dos Livros.com que não entrega nem me dá retorno algum da compra de livros que fiz no dia 18/01/09. (9 livros didáticos para minha filha) - 1 pg.
12. “Evangelho do Dia” Quarta semana do tempo comum, ano impar, 4ª semana do saltério (livro III) Cor Verde. - 4 pg, (somando tudo)
13. E-mails de amigos pedindo orações, alerta de vírus, a história da mãe de Obama, como comer frutas entre outros que a gente só lê pela força da amizade.
14. 4º. Colóquio Internacional sobre Celulose de Eucalipto - 1 pg.
15. “Um Peru Pentecostal” (não pensem que é brincadeira, mas o interesse pela matéria é por que meu filho estava no Peru) via web. - 1 tela
16. Machu Pichu – verdades e lendas, Wikipédia - 1 tela
17. Um panfleto explicativo sobre Krav-Magá – arte de defesa pessoal das Forças Armadas de Israel. (não que eu estivesse interessado em tal arte; apenas me caiu à mão. Já sou faixa-preta em atirar pedras) - 1 pg.
18. Um poema de Khalil Gibrain - ½ pg

Que me lembre é só. Omiti outras obras de somenos importância.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Editora Imundo Cristão (7)

Apesar da crise, a Editora Imundo Cristão aposta na fidelidade de seus leitores.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Evãgélico mático

O problema do evãgélico é ele ser muito concreto.
Dois e dois é sempre quatro e ponto final.
Um dízimo vale mais que um terço: mate-mático.

Não gosta de brincar nem de imaginar.
Ou se é sério, ou não se edifica.
Pecou tem que pagar.
Nem ajoelhou, mas já tem que rezar.
Ouviu um problema e já tem que compartilhar.
Nunca viu nem ouviu a pessoa, mas já sabe o seu problema.
Contundente, sua palavra é uma espada: trau-mático.
Tudo que não contem o seu pensamento é vazio.
Todo vazio é sem sentido.
Solta os cachorros nos contras: dog-mático.

Maria foi só a mãe de Jesus, já morreu e ponto final.
Um santo é só uma estátua e ponto final.
Para ele, aliás, a frase deve terminar em ponto-final.
Reticências e interrogação, ou é do inimigo, ou é dos fracos.

Procissão é uma bobagem.
Um rito é só uma cena inútil.
O mito, o protagonista ignóbil.
Aliás, uma coisa, ou é do bem ou é do mal.
Um teólogo é um frio.
Nada é mais do que está escrito no rótulo.

A imagem é mais cara que a mensagem: caris-mático.
Um homem-de-Deus vale mais que um homem.
Uma mulher-de-Deus, ou é também de-pastor, ou é profetiza.
Em todo caso, vale mais que uma mulher.
Uma Bíblia aberta vale mais que uma fechada.
Uma Bíblia fechada vale mais que um romance
e um romance vale mais que uma camisinha usada.
A palavra do pastor vale mais que uma Bíblia aberta,
aliás, para todo tema tem um sermão: te-mático.

Fantasia é do diabo.
Razão é de Deus.
Sonho pode ser dos dois.
Dúvida é fraqueza.
Certeza é poder.
Sofrer ou é plano ou é pecado.
Transfere para o corpo o que não resolve em si: so-mático.

Buda é só um gordinho sentado.
Francisco é um pobre coitado.
São Jorge, ou é quadro, ou é parque.
Uma pedra é só uma pedra...
Se estiver no meio do caminho é provação.

Mas uma praga pode ser útil: prag-mático.