segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Farmacético

INDICAÇÕES

Para alívio das dores (de quem vende) e inflamações associadas à fadiga das pregações inflamadas. Age como neutralizador das críticas nos casos agudos de exegese noturna. Propriedades analgélicas comprovadas em pacientes expostos por longo período assentados em cadeiras desconfortáveis.

CONTRA-INDICAÇÕES

Hipersensibilidade a qualquer componente que lembre relações não tratadas. Não deve ser ministrado a pessoas com traumas eclesiásticos e com sintomas de neuroses para-denominacionais. Reações adversas em alguns pacientes feridos por cão pastor. Podem ocorrer reações e/ou irritações cultânias (cultos+manias), tais como erupções de palavras não apenas estranhas, mas sem sentido. Descamação no local da aplicação, contagiosa às demais áreas do “corpo”.

PRECAUÇÕES

Somente para uso interno. O uso externo só fez propagar negativamente seus valores pseudo-terapêuticos. Após aberto, manter o mais fechado possível.

“TODO MEDICAMENTO DESSE TIPO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DOS NEÓFITOS.”

“SIGA CORRETAMENTE O MODO DE USAR JÁ QUE ORAR NÃO ADIANTA MAIS.”

“NÃO DESAPARECENDO OS SINTOMAS, SINTO MAS, PROCURE ORIENTAÇÃO DE OUTRA IGREJA, E SE PERSISTIR, CAI FORA.”

“EM CASO DE INGESTÃO ACIDENTAL DECLARE: QUE AZAR!”

laboratório: verticontes

Farnacético: wilson tonioli

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pô ética

Não quero pensar em mais nada,
a não ser na ideia que a mim se ofereça,
avessa aos costumes e pelada.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

Letra sem canto

Um dia Jorge Rehder chegou pra mim e perguntou: “você não quer compor uma letra de música congregacional para eu musicar?”. Respondi que não era bom nisso, piriri, pororó e coisa e tal, só pra dar aquela valorizada. Achava mesmo, não era falsa modéstia, entretanto, prepotência é um bichinho que está dentro da gente e que começa gritar feito político ovacionado, quando alguém aperta o “on” do nosso orgulho. Então disse a ele que tentaria. Escrevi e lhe enviei. Quando me encontrou no domingo seguinte me perguntou? “Você quer que a igreja cante isso?”. O besta aqui disse, sim, não, bem, quer dizer... Mas eu pedi a ele que esquecesse aquela letra, na boa, eu escreveria outra.
Será que é isso que chamam de bom senso? Pensei. Fiquei até orgulhoso de mim mesmo. Aliás, coisa que me deixa orgulhoso é fracassar e não desistir de tentar fracassar menos na próxima.
Escrevi outra coisa. Não que fosse algo que eu não acreditasse só para conseguir a aprovação do professor, mas escrevi de dentro de outra instancia dentro do mesmo eu.
Ele deve ter gostado. Ao menos disse que estava dando muito trabalho para ele. Tem a chance também, amoroso que era, não ter tido a coragem de dizer que eu estava certo quando eu disse que não era bom nisso... Enfim, houve silencio dali em diante sobre esse assunto, silencio dos criadores, e eu respeitei.
Passados esses últimos dias, fui procurar nos meus arquivos essa letra – a primeira também - e não achei. Deve ter-se ido num desses paus que todo micro dá e nos pega sem backup.
Como tentação de pessimista eu penso que não era mesmo para sermos esse tipo de parceiros. Porém, tenho esperança de quando encontrar esse Mala – era como me referia a ele no Raízes: "dos Malas o menor "– ele me venha com a canção pronta.

domingo, 15 de novembro de 2009

Evolução Evãgélica

domingo, 8 de novembro de 2009

Jorge Rehder

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Estar Tonto é Tudo

Palhaço Perninha em sua Palhestra no Clownbaret.

Estar tonto é tudo, diz um palhaço.
O palhaço não teme ser tonto. É sua vocação. Ele não está preocupado com a excelência das coisas, aliás, ele não se preocupa. Se vier uma preocupação, passa rápido, como é rápido o seu pensamento. Não o pensamento só de respostas, mas especialmente o de perguntas. O palhaço pergunta sempre e dá respostas singelas e, a primeira vista, estranhas.
O palhaço zomba do ego. Surra o ego. O ego que faz o ser humano ter vergonhas de não acertar, de não vencer, de não ser o padrão...
O palhaço aprendeu a incluir o que não é cenário e o que não é protagonista. Como uma criança ele tem uns medos sim; o da convenção, por exemplo. Por isso as imprevisibilidades para ele são bênçãos, que o fazem ser mais ele, pois rouba o cachê de tudo que viria para sabotar sua alegria e compra sorrisos e gargalhadas para distribuir àqueles que o vêem.
O palhaço não faz sucesso, apenas fracassos imperdíveis.
O palhaço vê o mundo do avesso. Mas não é avesso ao que está do avesso. Crê que pode sempre ajudar, mesmo atrapalhando. Se alguém rir, sai satisfeito.
Sabe rir com os que dão risadas e chorar com os que estão tristes.
O palhaço vê e põe graça em tudo, não por desdém, mas por compaixão.
Como muitos pensam, ele não é, por detrás da máscara, uma alma triste. Só tem o dom de absorver e espelhar a vida.