sábado, 21 de novembro de 2009

Letra sem canto

Um dia Jorge Rehder chegou pra mim e perguntou: “você não quer compor uma letra de música congregacional para eu musicar?”. Respondi que não era bom nisso, piriri, pororó e coisa e tal, só pra dar aquela valorizada. Achava mesmo, não era falsa modéstia, entretanto, prepotência é um bichinho que está dentro da gente e que começa gritar feito político ovacionado, quando alguém aperta o “on” do nosso orgulho. Então disse a ele que tentaria. Escrevi e lhe enviei. Quando me encontrou no domingo seguinte me perguntou? “Você quer que a igreja cante isso?”. O besta aqui disse, sim, não, bem, quer dizer... Mas eu pedi a ele que esquecesse aquela letra, na boa, eu escreveria outra.
Será que é isso que chamam de bom senso? Pensei. Fiquei até orgulhoso de mim mesmo. Aliás, coisa que me deixa orgulhoso é fracassar e não desistir de tentar fracassar menos na próxima.
Escrevi outra coisa. Não que fosse algo que eu não acreditasse só para conseguir a aprovação do professor, mas escrevi de dentro de outra instancia dentro do mesmo eu.
Ele deve ter gostado. Ao menos disse que estava dando muito trabalho para ele. Tem a chance também, amoroso que era, não ter tido a coragem de dizer que eu estava certo quando eu disse que não era bom nisso... Enfim, houve silencio dali em diante sobre esse assunto, silencio dos criadores, e eu respeitei.
Passados esses últimos dias, fui procurar nos meus arquivos essa letra – a primeira também - e não achei. Deve ter-se ido num desses paus que todo micro dá e nos pega sem backup.
Como tentação de pessimista eu penso que não era mesmo para sermos esse tipo de parceiros. Porém, tenho esperança de quando encontrar esse Mala – era como me referia a ele no Raízes: "dos Malas o menor "– ele me venha com a canção pronta.

5 comentários:

Anônimo disse...

Certo dia mandei uma melodia
pro perninha poetar. Achava isso pouco provável pois minha íntima cisusice contracertava à dele. E a melodia não era boa, como qualquer das nossas melhores deixam de sê-lo quando os poetas as rejeitam.

Mas como minha admirção pelo palhaço crescia - e talvez a necessidade de sua aprovação ejaculava - quis mandá-la mesmo assim.

Ele trejeitou pra cá, sorriu pra lá, pediu um pouco de mais informação, de tempo.

Mas nossos fracassos e fraquezas, por vezes, não permitem que projetos se concluam e mesmo assim nosso amor e admiração crescem brutalmente pelo outro.

E, hoje, revi tal melodia e ela continuava ruim. Mas me identifiquei secretamente a ela (assim como nos apegamos a nossos tantos e antigos vícios)e me deu uma vontade danada de cutucá-lo.


Daí lí esse entrevero poético criativo entre tal palhaço com o finado e amado Rheder...


Pois cutuquei.

Saudades, Wilson.

wilson tonioli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
wilson tonioli disse...

E me aproveito de tal cutucação, para dizer que jamais me serás anônimo alguém que com tanta admiração me apeguei. Se tal canção não ficara pronta, ou se parou na metade, como param os projetos tímidos de quem se honra do parceiro e busca a melhor inspiração, não quer dizer que não virá a ser. Será com e para meu prazer. Tenho a melodia, em nada ruim, na cabeça e coração, só esperando o espermatozoide vencedor que nos dará trará à luz esse filhote.

gde bj Marcão.

Antonio Mano disse...

E a primeira letra? A rejeitada? Essa eu queria ver!!

wilson tonioli disse...

Mano, vou publicá-la, por que não.
Gostei de "a rejeitada".
abç