quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Perninha no Vão




Sobre a manifestação aqui

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Quanto vale um sorriso?


Artistas e cidadãos!

A Prefeitura de São Paulo e a Polícia Militar iniciaram uma ação entitulada "Operação Delegada", que visa retirar o comércio ambulante das calçadas da av. Paulista.
A questão é que também estão retirando os artistas que pela Paulista atuam, alegando que estes artistas são também comerciantes ilegais.

Esta proibição aos artistas é inconstitucional!!!

*"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
;"
*Extraído da Constituição brasileira de 1988.

O que tem de mais alguém se sentir feliz em dar uma gratificação porque conseguiu dar uma risada, ou se emocionou com algum artista na rua? O que tem de mais alguém voltar para seu trabalho um pouco mais relaxado, pois alguém mexeu com sua rotina na hora do almoço?
Além do mais, já vimos dinheiro na cueca, na meia, na Bíblia... Por que não no chapéu do artista, que muito antes de estar mendigando, está oferecendo Arte com grandiosidade e generosidade.

Manifestação Pacífica – a favor do direito de fazer arte na rua
Quando: 20 de dezembro 2010
Horário: das 12h as 14h
Local: vão do Masp (concentração de início e fim)


Palhaço Perninha vaitalá.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Eu rio, tu riacho, eles mares

Nas minhas andanças encontrei a verdadeira igreja da graça...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mundo Cênico


As luzes acedem
As luzes apagam
Quando as coisas não parecem certas
Eu deito como um cão cansado
Lambendo suas feridas na sombra

Quando eu me sinto vivo
Eu tento imaginar uma vida sem preocupações
Um mundo cênico onde os pores-do-sol são totalmente
Deslumbrantes


Beirut

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Deu, é amor

Machucou-se no arame farpado
de uma relação imponderada...
Tolerante, invadiu o terreno cercado,
invisível, mas de escancarada
proibição a qualquer um que deseja paz.
É isso meu rapaz: deu, é amor.
Se o mundo lhe incomodava
e não mudastes de mundo,
mas entrastes profundo,
como quem vai pra cova vivo
e, num buraco frio e sem fundo,
metestes tua mão para os vermes,
e deu a outra sem alívio,
e deu os pés pros excrementos,
e deu o peito pros xingamentos,
e deu a mente confundida e só,
para as morais triturarem a pó...
É isso meu pobre rapaz: deu, é amor.

Que miserável te tornastes,
sem palavras e sem razão,
sem juízo e sem sermão.
Nu das virtudes te achastes
se só o que lhe resta é amor.
Se só o que lhe resta é dar.
E como não lidas com os conceitos,
não sabes do que tudo isso é feito.
Então pra contaminar o meu torpor,
mesmo que de longe lhe digo:
deu, é amor.

--
Dedicado a algumas pessoas que tenho conhecido mais de perto nos últimos tempos, das quais me aproximo com ânimo e medo.

Na Varanda

Sucesso de público e crítica. (muito mais de críticas)
Pelo IV Forúm Cristianismo Criativo.
Promoção http://www.w4editora.com.br/ - mais informações aqui

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Que os irmão viva em urnão

Como a religião veio prá ficar nessas eleições, a urna eletrônica será readequada.

Clique para ampliar (melhor não)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma História Severina

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vã, piro

Os hemocentros brasileiros estão sofrendo no inverno e principalmente no período das férias de julho com a redução do número de doadores de sangue.
Nas regiões sul e sudeste, o frio intenso fez despencar o número de doadores e está exigindo dos hemocentros, como o de São Paulo, buscar doadores por carta, e-mail, SMS e telefone... E eu o faço por post. Se puderem, divulguem também.
Leia mais aqui

Se em algum momento
sentir que minha vida é vã, piro.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Um Palíndromo (da série, Utilidade dos móveis)


SOFÁ: BASE DE DESABAFOS

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

E o vento forte quebra as telhas e vidraças...


O que Taiguara talvez não tivesse noção, é como teria força sua poesia para muito além de uma época de regime ditador apenas, e transportasse uma mensagem poderosa e mais viva que nunca para nossos dias "chamando os homens para o seu tempo de viver".
Há muito vejo o asfalto se abrir e frutos envergando galhos de árvore. Vou morrer tentando fazer com que creiam nessa loucura, e apresso-me a cada dia.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Voto consciente ou...

Voto consciente ou voto com um crente?
Para a maioria dos evangélicos, voto consciente é voto com um crente. O jargão “vote consciente” já está banalizado. Eu já não entendo o que isso significa e minha cabeça quer pensar que votar consciente é não votar desmaiado. Quando um pastor diz vote consciente, está querendo dizer, não votem no PT e isso as ovelhas entendem bem. Então joelhos em terra e vote no Serra; então ore, estude a sã doutrina e vote na Marina; então ore, jejue, cante um hino e vote no Plínio...
Não tenho vergonha de dizer que estou completamente perdido e sem saber em quem votar... Tem o voto nulo que é o voto vão, que me lembra evãgélico e também, o voto em branco que é voto politicamente correto, to fora.
Meu voto será inconsciente.

Acho que é boa hora para eu falar da repugnância mesmo que tenho com essa palavra: consciência. Quer coisa mais sem sentido e vazia que um “temos que nos conscientizar...”. Num mundo em que informação é uma praga descontrolada e que alimenta todos os nossos sentidos incessantemente, todos já estão conscientes demais. Está chegando o momento em que, quando o parteiro for dar aquela tapinha para que o bebê solte o choro, este levantará o bracinho e dirá: “calma, não é preciso, já fui informado que preciso chorar, buááá...”.

O que está faltando é o consciente escorregar para o peito e virar paixão, e virar coragem, e virar ação. Digo escorregar porque supõe desequilíbrio e risco, virtudes proscritas tão ausentes nos cidadãos firmes, equilibrados e conscientes.

Depois continuo com este assunto, agora estou consciente que preciso fazer outras coisas.

extraido de pedagogiadosoprimidos

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

46 mil!

verticontes chega a 46mil visitas! Sabem o que isso significa?
Absolutamente nada.

46 é um numero cabalístico: significa que tá na hora de cabar com tudo.

domingo, 12 de setembro de 2010

Se os clássicos fossem de evãgélicos...

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha muitas pedras no meio do caminho
Mas a oração que rompe montanhas
fez todas em pedacinhos...

(adulterado de No Meio do Caminho de Carlos Drummond)

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Irmão! Ser benção na vida...

(adulterado de Poema de Sete Faces de Carlos Drummond)

Escrevi-a com a pena da solenidade e a tinta da sabedoria, e não é difícil antever o que poderá sair desse bom conselho...
(adulterado da abertura de Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)

Tudo vale à pena quando a igreja não é pequena.
(adulterado de Mar Português de Fernando Pessoa)

Eu possa me dizer do amor
Que seja imoral, posto que é chama,
Mas que seja dizimista enquanto dure.

(adulterado de Soneto de Fidelidade de Vinicius de Moraes)

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
Aceita Jesus
E seus problemas acabam!
(adulterado de E Agora, José? de Carlos Drummond)

Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso... Mas declarou, Tá amarrado! E logo repousou em paz...
(adulterado da abertura de Metamorfose de Franz Kafka)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ao novo canto do Canto Cidadão



Pra compensar tanto desserviço prestado, o verticontes apoia e divulga aí o show beneficiente de Fafy Siqueira.
Mais informações aqui.

Nos vemos lá.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Se não fosse o pecado

Se não fosse o pecado,
o que seria de nós?

Se não fosse o pecado,
não teríamos inimigos
e a vida seria um cercado
só de bons amigos,
pior, só de conhecidos.
Assim, não precisaríamos de perdão,
pois se não fosse o pecado,
só haveria acertos e perfeição.
Se não fosse o pecado,
pênis e vagina não teriam graça
e eu andaria pelado...
Se não fosse o pecado,
eu não teria o que esconder,
nem o que está na mente,
nem o que está no corpo.
Ser absolutamente transparente,
sem as nuances das minhas cores.

Se não fosse o pecado,
eu não conheceria a verdade
de que nunca conheceria a verdade,
e andaria por aí me achando...
Aliás, acharia tudo o que precisasse
sem ter que estar me agachando,
porque se não fosse o pecado,
eu não teria joelhos.
Achar tudo é tão triste.
Ter tudo nas mãos...
Ter toda segurança é tão tédio.
Não se trata de uma ode ao mal,
mas de um desajuste ao pleno bem.

Se não fosse o pecado,
a virtude não estaria inocuamente no meio,
pois sem extremos, meio não há.
Se não fosse o pecado,
ponto de vista não haveria
e tudo num só ponto incidiria.

Se não fosse o pecado,
eu não me conheceria.
Não conheceria limites de se transpor;
não conheceria até que ponto resisto;
não conheceria a morte, não sentiria dor;
não conheceria a causa por que existo...
Não conheceria a caridade nem o amor.
Não conheceria Jesus nem o Cristo.

Não se trata de um elogio do mal,
mas se há tanto bem que a nada leva,
e nossos olhos admiram o que é normal,
bem mal levamos a vida que nos enleva.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Em que ponto chegamos...

Não clique, para não ampliar mais.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um Palíndromo (da série, Palíndromos chatos)


SE REZAR, PARE DE CEDER A PRAZERES.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Um doador radical

O maior doador de sangue que já houve foi Jesus.
Para doar, as pessoas vão aos hemocentros,
hospitais particulares ou mesmo ao SUS.
Ele foi mesmo doar na cruz.
O procedimento para doação não passa de meia hora.
Para ele durou umas seis horas.
A quantidade de sangue retirada não passa de 10% do total
e em até quarenta e oito horas é recuperada.
O que foi extraído de Jesus é incalculável e bem superior,
Mas até que recuperou rápido: setenta e duas horas.
Nas doações, usa-se uma agulha descartável para recolher.
Em Jesus, três cravos e uma lança, fora o chicote preliminar.


Alguém estará inapto para doar se:
Tiver ingerido bebida acoólica nas últimas 24hs,
Estiver em jejum e não tiver dormido pelo menos 6hs nas últimas 24hs.
Não ter tido mais de dois parceiros íntimos nos últimos 3 meses...


E Jesus estava completamente embriagado do Espirito,
passou a última noite acordado comendo só oração
e teve nessa mesma noite, um parceiro de caráter e beijos questionáveis...

Mas o tal Pilatos que fez a triagem, não o recusou.

Quanto ao por que Ele foi levado a fazer isso... Bem, não sei se dá pra dizer.
Porque condenou a união espúria da Religião dominante com o Estado.
Acabou com o negócio lucrativo dos religiosos que era o de perdoar pecados.
Subverteu-se à polícia e a política do Templo.
Apresentou um Novo Reino de abominação ao opressivo poder romano.
Apresentou um Novo Reino do Messias Debochado, montado em jumento...
Porque foi traído, se deixou beijar e se deixou levar, mas especialmente,
porque amou o mundo.

Então, nós, que nem amamos o mundo tanto assim, nem fomos traídos, nem perdoamos pecados de graça, nem brigamos tanto pelo estado de opressão, de injustiças, de indignidades, do Estado como das religiões... Ora, tomemos vergonha na cara e ao menos façamos uma doaçãozinha de 8 ml de sangue por quilo útil de corpo.

Informações úteis:
http://www.bssp.com.br/
http://www.ameo.org.br/

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Para Que Nossas Vidas Sejam Abreviadas


É lamentável!

GK do DEM, aquele da lei CL, decretou agora a permissão para a construção de HIS em ZEPAM de SP e em outras áreas com RUR.

O PD de 2002 veta qualquer construção em APA, porém, agora com o apoio do novo decreto publicado no DO do último sábado, a CDHU e a COHAB, poderão erguer CP perto das principais represas da cidade só com a autorização da SMVMA.

O novo decreto também permite a construção de CH em ZEPECS e nas ZIPS.

E a M continua: a SMH informou que a norma facilitará a construção de PP na NL e perto dos PCPPPH, como a SSP e a PE.

E as IF que podem deixar o imóvel até 60% mais barato, agora, conforme os padrões da CDHU e COHAB, podem ter até 67 m2. Antes, para se obter o incentivo o máximo era de 52m2.
(Está cada vez menos vantajoso ser pobre. Se continuar assim também vou querer ser rico.)

Sem dúvida, as novas regras levarão a um boom imobiliário nas áreas verdes no entorno de mananciais e um BIG BANG nos próprios. Mas tudo bem, precisamos de mananciais no deserto, não na cidade, não é?

Permitam-me desabafar:
V P PQP SEUS FDP !
(Vou Permitir Políticos Querendo Poder Se EU Só Ficar Dourando Pílula)

Para as demais siglas vocês precisarão se mexer.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

Não coloque o nariz se não for chamado


Porque ser Palhaço é meter o nariz onde foi chamado.
Se te oferecerem um nariz vermelho para protestar sobre algo, não aceite, ele não se presta a isso. O Palhaço é tonto, mas não é um otário.
A idéia de que Palhaço é aquele ser besta que vive sendo passado para trás, vem do mesmo depositário de idéias daqueles que olham, mas não vêem, atropelam, mas não tocam.
Nariz de Palhaço pode protestar sim, mas só quando houver um Palhaço apontando-o. Aliás, o Palhaço está protestando sempre, contra as desgraças das mentiras aceitas e o cinismo das verdades inclementes.
Podem chamar isso de corpalhativismo(1), pois já me cansa ver nos movimentos de cidadania o nosso nariz bananalizado(2) nos rostos de cidadãos com muita indignação, contudo sem a paixão do Palhaço. Nariz vermelho não reage com raiva ou rancor, reage com graça e amor. O Palhaço não força uma subversão, ele é a subversão.
Não use de um nariz para se fazer de bobo, mas use da coragem para se fazer de bobo. O nariz vem anexo a ela. Coloque o nariz sim, mas como rito de um grito silencioso. Coloque o nariz sim, que é o feitiço para também se colocar outras línguas, outros ouvidos, outros olhos. Coloque o nariz sim, com cuidado, sem ninguém estar vendo. Ele te deixa com a cara erguida. Ele te expõe e te protege. Ele te faz sentir o aroma que exala da graça dos erros, lapsos e absurdos.

Glossário:
1. Corpalhativismo: (des)Organização de Palhaço que defende Palhaço.
2. Bananalizado: Tornado a preço de banana aquilo que é muito caro.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

ENENEM (3) - Nomes

Vamos lá para mais um,
Exame Nacional Evangélico Neófito de Ensino Medíocre

1. Abandonou Paulo por ocasião da última prisão do apóstolo:

a) Figelo
b) Fineve
c) Fisereno-da-madrugada
d) Fiiceberg

2. Um dos filhos de Arão e Eliseba; pai de Finéias:

a) Eleazar
b) Elesorte
c) Elebingo
d) Mick Jagger

3. Reinou de 37 a 44 A.D. Matou Tiago, irmão de João; morreu comido de vermes:

a) Herodes Engripa
b) Herodes Agripa
c) Herodes Trava
d) Herodes Nega-Fogo-Na-Hora-Agá

4. Pai de dois valentes de Davi:

a) Elsiim
b) Elnaão
c) Eltaalvez
d) Elvoou-Consultar-o-Polvo

5. Macedônio, companheiro de Paulo:

a) Gaio
b) Foia
c) Carvaio
d) Nos-gaio-seco-de-uma-ávore-quaquer

6. Primeiro acampamento de Israel depois de passar o Jordão:

a) Chicobethania
b) Tomsandy
c) Gilgal
d) Djavangélico

7. Um dos filhos de Jafé:

a) Gomer
b) Gagar
c) Guspir
d) Guzinhar-o-calo

8. Irmã de Gileade:

a) Hamolequete
b) Ah moleque!
c) Hapentelho
d) Ha-essesmoços-pobresmoços

9. Filho de Cão e neto de Noé:

a) Vaque
b) Pute
c) Prostitute
d) Mulhé-da-vide

10. Filho de Cão e neto de Noé:

a) Segundão
b) Tempão
c) Horão
d) Pressão-é-inimigão-da-perfeição

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Crentes Copa do Mundo 2010

Crente vuvuzela: tem a boca grande, mas depende do outro para se expressar.

Crente vuvuzela2: é insuportável, mas aceito nos grandes grupos.

Crente jabulani: traiçoeiro quando alguém lhe bate com força.

Crente Mick Jagger: lider de Banda, mas fora dela dá um azar danado.

Crente Felipe Melo: é luterano e vive declarando “Sola Scriptura, Sola Gratia; Sola Fide, Sola, Sola, Sola!"

Crente Dunga: só trabalha com evangélicos.

Crente Polvo Paul: vive de apontar vitórias; gesticula tanto que parece ter oito braços; é pegajoso e afirma que sua voz é a voz de Deus.

Crente Maradona: beija tudo que é irmão, pois sabe que um dia voltará ao pó.

Crente Ganso: tem muito talento, mas não tem chamado.

Crente Larissa Riquelme: tem peito prá crer no impossível.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Polvorosa

quarta-feira, 7 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Internet no Velho Testamento (4)


Clique na imagem para ampliar (seu tempo perdido)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Kaká x Kfkf

Kaká x Kfouri, que coisa chata! É como dois times que jogam pra empatar. Só que neste caso os dois jogam pra ganhar. E pior, a torcida vibra. Em maior numero nas arquibancadas, de Bíblia, faixas e sentimento de liberdade nas mãos, estão os evangélicos – costumo dizer “evãgélicos”, mas nesse estádio entram também os “Evangélicos”. Em casa com o rádio ligado e jornal na mão estão os ateus, não tão eufóricos, mas encomodados.
Kaká x Kfkf é jogo/luta que, como na antiguidade, serviria para poupar os demais soldados da batalha e subjugar o povo do representante derrotado ao do vencedor.
Pena, mas aqui não é assim. Um acredita que não é por força nem por violência, mas pelo espírito do poder da palavra vitoriosa e indefectível. Outro acredita - quer dizer, não acredita – leciona a doutrina do poder de não acreditar. Parece besta, mas têm conseguido muitos fieis, não por valores que constroem, mas justamente por valores que os crentes pregam e se encarregam em demolir.
Pela tabela de classificação, os ateus são os adversários da vez dos evangélicos canarinhos. Com estes já cruzaram a Igreja Católica, os espíritas, o PT... Sei lá quem ganhou; só sei que os canários do reino que cantam em qualquer lugar, ainda estão no campeonato. E gostam tanto da disputa que, se já não houver adversários para se jogar contra, jogarão entre si: Evãgélicos x Evangélicos. Um time tira a camisa, quer dizer, o manto e jabulani pra frente! Jabulani não, que é nome afro-pagão e que significa “aquela que engana”. Bola pra frente (e pra trás) é melhor.

Não sou crente nem ateu. Sou creneu. Creio em tudo com uma insegurança danada e descreio de tudo com muita fé. Mas amo a vida e amo a morte, amo a ressurreição e amo a cruz.
Depois dessas divagações, que me é comum fazer esse tipo de cera, voltemos ao jogo Kaká x Kfkf. Seria engraçado, ou desgraçado ver, se ao término da grande partida fossem os dois para seus respectivos vestiários e percebessem que na verdade o túnel dos dois acaba no mesmo lugar e, pelados, tomariam banho juntos, compartilhando o mesmo sabonete...
Por enquanto fico por aqui, desabafando: Assistir esse jogo é um pé-no-saco; pé-no-sacro!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Breve Golssário do Futebol Para Mulheres (4)

Lei da Vantagem: É quando o árbitro (vulgo juiz) deixa uma jogada prosseguir embora tenha havido falta e a bola continua com o time cujo jogador recebera a falta e a situação pode levar ao gol. Ou seja, é uma vantagem para esse time que sofreu a infração a continuidade do jogo. Igual quando você percebe que seu companheiro está falando bobagem pra você, mas você não o interrompe, pois você está levando vantagem dele estar pelo menos discutindo as relações.
O Fair Play – a política do politicamente correto no futebol – associado à regra permite que o árbitro anote a falta após perceber que o time não levou a vantagem que ele esperava. É como se o seu companheiro deixasse você fazer tudo o que quer durante o dia, e ainda a elogiasse sendo meigo e compreensivo, supondo assim estivesse levando vantagem para chegar a meta, mas à noite você alega – simulando ou não – dor de cabeça, aí ele apita a falta bloqueando seu cartão, retirando as palavras de elogio e dizendo que no domingo não vai almoçar na sua mãe e blá, blá, blá...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Verbetes Africanos

Pra você se virar na África:

Jabulani = Bola
Jabulani-jafurani = Bola-fora
Jaurani Jabulanis = Ora bolas!
Jasulani = Sola
Jabucani = Boca
Jabubuni = Bobo
Jabebuni = Bêbado
Jabulanichi = Bolacha
Jacucani-jaculani = Coca-cola
Jabustani = Bosta
Jaguzani = Goza (com sentido de tirar um sarro; fazer chocarrice)
Ejaculani = Goza (noutro sentido)
Ejaculani já = Goza rápido
Êjacu = Goza a toa
Jagulani = Gorda
Jagulinha = Gordinha
Jadurlani = Dolar
Jacólani = Eu quer ganhar bolão

terça-feira, 22 de junho de 2010

Breve Golssário de Futebol Para Mulheres (3)

Goleiro: Jogador cuja missão é impedir o gol do adversário. Único que pode utilizar as mãos e para isso faz uso de luvas. Tem a vantagem de usar, por ordenança da regra a fim de não confundir o árbitro, um modelito diferente dos demais, com cor e desenho à sua escolha. Não é tão bom com as pernas – alguns são muito ruins mesmo - como os demais parceiros, no entanto, tem reflexo superior. Reflexo superior aqui não é a imagem aumentada que você acha que vê quando olha no espelho; é o impulso instantâneo em direção à bola.
O goleiro é o único que não pode falhar. É injusto? Mas nesse jogo é assim. Como no jogo da família nas sociedades machistas, todos podem falhar vergonhosamente, marido, filhos, sogra, cachorros... Só a mulher que não. Muito menos tomar um peru.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Breve Golssário de Futebol Para Mulheres (2)

Impedimento: A regra mais chata de explicar. Tem a ver com o córtex. Curioso é que as mulheres teriam maior condição de flagrar um impedimento do que os homens, por causa da sua capacidade de atenção em dois ou mais pontos simultaneamente. Coisa que os homens não conseguem. Deixemos de bajulação e vamos à explicação; à tentativa:
Um jogador está impedido quando, antes de receber o passe, já se coloca mais próximo à linha de fundo que o penúltimo adversário. Exceção se receber a bola em seu próprio campo.
Para marcar tal infração – tarefa do auxiliar, vulgo bandeirinha - os olhos precisam estar descolados. Um no passe, outro no atacante. A coisa é rápida. Se você quiser olhar o lançamento, depois para o que recebe, perde o time (tempo) é como se você tivesse que ver as duas pontas de um leque gigante podendo chegar a 60 metros (mais ou menos 15 carros enfileirados) ao mesmo tempo. Por isso concluí que as mulheres têm essa facilidade. “... Tem um olho sempre a boiar e outro que agita...” (Chico Buarque)
Se uma amiga te liga e fala de uma grande promoção, você desliga o telefone e sai correndo para a loja, chega lá e vê que está fechada... Você está impedida de comprar, porque você saiu antes dela avisar que a loja só abriria no dia seguinte... Foi mal, eu sei, mas no afã de deixá-las em condição de jogo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Breve Golssário do Futebol Para Mulheres (1)

O Verticontes resolveu criar um Glossário, ou melhor, um Golssário do futebol para aquelas mulheres que só acompanham futebol na Copa do Mundo.
O editor lembra que a linguagem utilizada parte do universo feminino, com seus interesses e representações,logo, os homens que tiverem acesso a esse manual, poderão ficar sem entender uma ou outra explicação, mas com certeza, terão de dar menos explicações durante as partidas.

Gol : Palavra dúbia. Objeto e objetivo ao mesmo tempo. Mais ou menos quando você diz pra si mesma com emoção “Yes!”; você disse a palavra sim, mas ao mesmo tempo “consegui!”.
Gol é aquele quadrado formado por duas traves e uma haste superior em madeiras roliças pintadas de branco, lembrando um de seus porta-retratos, e que se prende a ele um véu de rede de nylon perfeitamente ajustado e fixado à madeira e ao chão. Porém, você não pode gritar “gol!” toda vez que olha para essa figura. O grito de “Gol!” paradoxalmente acontece justamente quando esse espaço, tão reverenciado e protegido é penetrado pela bola (veja explicação de "bola" em post posterior). Entenda-se por “penetrado” o exato instante em que ela transpõe inteiramente a linha branca pintada no chão que liga uma trave a outra, distancia essa mais ou menos a de três sofás de três lugares. Porque há tanta fúria, paixão e comoção nesse momento para o sexo masculino é bem difícil explicar, mas é para um macho adulto como uma afirmação de poder sobre outro bando ou indivíduo. Poderíamos comparar esse momento com um orgasmo, se ficar mais fácil para vocês entenderem, porém com o devido cuidado da diferenciação dos gêneros: para ele pode acontecer precocemente, logo que começa o jogo, mas o que geralmente ocasiona uma perda na concentração e faz com que o adversário parta pra cima. Para ela dificilmente o “gol” ocorre no início da peleja; elas preferem tocar a bola e impor seu ritmo sobre o adversário para só nos acréscimos atingirem sua meta.
Se vocês pensaram “puxa, os jogos deveriam sempre terminar empatados 1x1, 2x2, 3x3!”; sim, vocês entenderam, mas isso serve para o relacionamento a dois... Só que no futebol mesmo não é assim tá? Nós nos propomos a explicar o “gol” em si e não as virtudes de uma partida de futebol.

domingo, 13 de junho de 2010

Um teatro tentando sobreviver sem nunca ter nascido

A apresentação na Pompéia é por ocasião do Segundo Simpósio de Arte da Igreja Batista em Vila Pompéia. Mais informações aqui.
Clique na imagem para sair de casa.

sábado, 12 de junho de 2010

Como o não-evangélico traduz as coisas do evangélico (5)

Clique na imagem para encher a tela.

terça-feira, 1 de junho de 2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Você precisa!

Você precisa clicar na imagem para ampliar.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O que pesa mais?

O que pesa mais,
um quilo de pedra,
ou um quilo de pecado?
O que lesa mais,
um quilo de sermão,
ou um quilo de fardo?
O que presta mais,
um quilo de unção,
ou um quilo de canto?
O que peca mais,
um quilo de irmão,
ou um quilo de santo?
O que pesa mais,
um quilo de igreja,
ou um quilo de dízimo?
O que gela mais,
um quilo de cerveja,
ou um quilo de dogma?
O que zela mais,
um quilo de crente,
ou um quilo de lei?
O que pensa mais,
um quilo de mente,
ou um quilo de grei?
O que passa mais,
um quilo de tempo,
ou um quilo de uva?
O que vela mais,
um quilo de vigília,
ou um quilo de viúva?
O que pesa mais,
um quilo de chumbo,
ou um quilo de templo?
Um quilo de mundo,
ou um quilo de exemplo?
O que pesa mais?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Recall Teológico (5)

A Convenção Nacional das Igrejas Evãgélicas Faísca de Fogo de Fé, convoca o recall teológico de seus membros e frequentadores, para inspeção gratuita – aceita-se ofertas – dos chicotes elétricos com que foram batizados. Confirmam os montadores que a grande maioria saiu com má fixação dos isoladores na língua, provocando danos sérios a terceiros, a quartos e a quintos. O risco maior em tal desconformidade é a queima das relações provocadas pelos cultos circuitos mesmo com os fusíveis da paciência de baixa amperagem. Com isso, palavras na ponta da língua escapam a todo instante, roubando a corrente principal que faria todo corpo se mover.
A Convenção, em nota oficial, reitera que não se responsabiliza por unidades que não forem vistoriadas dentro do prazo, assim como, faz saber que nem todos os irmãos em trânsito hoje, ungidos ou não, e que apresentam sintomas de incontinência verbangelical, sofrem pelas razões apontadas acima.


Yuri Nabo Cuda
Presidente

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Garanhão Homossexual (da Série, Animais Especiais)

Aos quatro anos de idade Gonçalo deixou a fazenda. Teve uma conversa com a égua mãe – já que pai de cavalo é sempre muito ocupado e quase nunca está por perto – e saiu.
Gonçalo era um Mangalarga Marchador formidável. Mas fazia marchar por, vamos dizer profissão e não por vocação. Não gostava. Dizia aos mais íntimos – pouquíssimos diga-se – que aquele negócio de marchar lembrava cavalaria organizada imperial. Não que ele já tivesse participado de muitas, era ainda jovem, mas daquilo que ouvia dos mais velhos e da própria mãe que contava da nobreza e singularidade da raça e tudo mais. Ouvia que seus semelhantes eram imbatíveis quanto a acompanhar o ritmo alucinante das caçadas e também, na lida com o gado em campo aberto. Para Gonçalo não passavam de vaidades. Deixou aqueles campos por causa das suas próprias; e também pelo seu orgulho. Menos pela chateação dos demais equinos que não lhe ignoravam os modos, do que pelo seu amor próprio e desejo de liberdade.
Quanto à aparência podemos descrever aquilo que se leu nos cartazes espalhados pela redondeza após seu sumiço: “... 'Garanhão' de origem real portuguesa, marrom escuro, expressão vigorosa, olhos escuros e atentos, fronte larga e plana, narinas grandes e flexíveis, pescoço de musculatura forte, crinas pretas e ralas, finas e sedosas, como a calda, com a ponta levemente voltada para cima ao andar; é um marchador mais tenta disfarçar no trote...”. Este último item era de fato o que mais o caracterizava. Cauda de sabugo curto e rijo, como batuta, dava o tempo para a própria coreografia do corpo inteiro. Enfim, Gonçalo era mais do que esse narrador seria capaz de descrever e menos do que possa interessar ao distinto leitor.
Gonçalo era um Garanhão homossexual, mas seus senhores não entendiam assim. Como um excelente exemplar da raça, insistiram até o fim para que cumprisse as coberturas com as mais belas éguas. Porém, para ele, só companheiras; éguas iguais. Assim, começaram a tratá-lo como um animal especial, que para a susceptibilidade de cavalo, especial não é nada especial; Entendia mais como espéciemal.
E a coisa foi ganhando cada vez mais distinção e, como até nos preconceitos aceitos por uma sociedade, a primeira evidencia disso e até mesmo que se auto-denuncia é a linguagem, Gonçalo passou a ser conhecido como Gayranhão. Pronto, aí todos já não precisavam se preocupar mais. Quando se dá um nome ao problema, o problema se enfraquece, e o seu objeto vira abjeto. Não forçaram mais a barra com Gonçalo. Isolaram-no, e pior, transferiram seus poucos amigos machos do cocho.
Apesar de tudo, Gonçalo não sofreu maiores danos. O que lhe importava mesmo era a liberdade, da qual corria atrás. Embora a discriminação galopasse sem barreiras, ainda utilizavam-no para caça. Isto sim lhe perturbava, assim como a indiferença dos outros cavalos, com relação a ajudar na matança de raposas, veados e outros bichos.
Abandonou o lar numa primavera, quando os chacais saem para acasalar e os caçadores se aproveitam dos uivos e descuidos dos machos. “No que depender de mim, esses carniceiros vão fazer amor tranquilos, sem a espreita dos covardes!”, pensou Gonçalo. E como fazia todas as manhãs bem cedo, quando a relva ainda se cobria do sereno e uma nevoa densa cobria a mata que cercava a propriedade, Gonçalo galopou em direção a ela e não retornou mais, desbravando o medo e as superstições, comum entre os Mangalargas, quando a ordem era entrar nestas nuvens.
A fama de Gonçalo perdurou nas cercanias. Para os cavalos mais velhos e honrados, uma aberração irônica da natureza. Para os mais jovens Garanhões, fascínio e mau exemplo, curiosidade e submissão, tudo ao mesmo tempo. Para a velha mãe, retratos e abandono.
De qualquer forma não conseguiram apagar sua imagem. E as imagens são sempre mais fortes para aqueles que não as viram. Tendem a crescer e ganhar maior impressão, para o bem e para o mal. Os que queriam menosprezá-lo, diziam ter ele, assim que fugiu em meio às névoas, tropeçado e quebrado a perna, sendo sacrificado. Os que queriam seu esquecimento, diziam aos filhos que ele era uma invenção, um folclore, um tipo mula-sem-cabeça, que pegava os potros desobedientes. Para os que queriam sua abominação, diziam que se enamorou com outros garanhões e, sem o saber, com o próprio pai, afinal de contas, pai de cavalo é sempre muito ocupado e não reconhece a própria descendência.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

De onde sai

A aranha sai da teia;
a veia sai da entranha;
o escorpião sai da toca;
a broca sai do vão;
a cobra sai do ninho;
o sozinho sai da sobra;
a traça sai do antigo;
o inimigo sai da farsa.
A lótus sai do lodo;
o medo sai morte;
o rato sai do esgoto;
o moto sai do trato.
E a vida vai seguindo.
E o ato sai da rua;
e a nua sai da foto;
e o foco sai da cena;
e a pena sai da ave.
E a vida vai gemendo;
e o berne sai da pele;
e o apelo sai do cerne
e a vida vai sugando
o leite que sai da mama,
da vida que sai do ventre
e da gente que sai da vida.
Prefácio que sai do fim
de mim que nada sai,
senão o pus que sai da cura,
que sai do senso,
que sai do são,
que sai da mente,
que sai da mão.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Internet no Velho Testamento (3)

Clique para ampliar ou desligue para edificar.

Pô ética (7)

Em que turminha se meteu o secretário,
cujo game travou ironicamente na pista
do contrabandista escondido no armário?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Dunga é só mais um anão

Não sei por que a surpresa diante do inexorável. Refiro-me à escalação dos jogadores do técnico Dunga que vestirão a camisa do Brasil nessa Copa do Mundo. Grupo sem muito brilho, mas com “muito amor pela Pátria”, segundo as palavras do treinador. Mas devemos perdoá-lo. Dunga é somente mais um anão diante do gigante erguido no nosso tempo: o gigante da Qualidade. Com um “Q” mais que maiúsculo, impõe que tudo deve ter o compromisso da excelência, do perfeito, do correto. Gigante gerado com o puro sêmem dos bons.
Para o gigante Q – que tem um “q” de inimigo íntimo – Dunga não é nem uma pessoa; é um processo. Dunga é um processo que deu certo e tudo deve ser semelhante a ele. Dunga é o protótipo do bom; bom homem, bom moço, bom filho da mãe boa e do pai bom, bom profissional, bom amigo, bom filho da Pátria. Quem tem força de lutar contra o Q? Dunga diz: se Q é por nós, quem será contra nós?
A única coisa que Q teme é a vida, com suas imprevisibilidades e suspeitáveis caminhos. E observando que o futebol é como uma metáfora da vida, com paixões, sucessos, derrotas, lutas, metas, jogo-sujo, malandragem, surpresa, malícia, arte, violência, plástica, catarses, trabalho, sorte, orgulho, vergonha... Ele quer corrigi-lo.
O futebol e toda sua alegria e paixão estão com seus dias contados. Não que vá acabar, expurgando a arte, ficará cada vez mais excelente... Mas insosso. Já vemos sinais disso. Se um jogador aplica um chapéu no adversário, o árbitro lhe aplica um amarelo, motivo: desrespeito. Se um jogador vai ao encontro da sua torcida para comemorar o gol, recebe amarelo, motivo: agito e insurreição. Se um craque vai tomar uma cerveja e é flagrado, todas as suas jogadas geniais e seus gols do dia anterior são removidos do noticiário para dar lugar ao sermão e punição dos “Qriticos” que pregam: mais vale um cabeça-de-bagre treinando do que dez craques num bar.
Está chegando o jogo em que o atacante que faz o gol, não poderá comemorar, mas deverá se dirigir ao capitão da equipe rival e lhe pedir perdão, alegando que aquilo é seu ofício e tudo mais, isso na presença do árbitro que só então repõe a bola no meio campo. O drible será proibido. A bola só poderá seguir adiante do zagueiro se for por intermédio de tabela. O intuito final é acabar com os árbitros. Afinal de contas estará incutido nos jogadores que o mais importante é a honradez, o decoro. Talvez precise de alguém só para decidir impasses tipo: “oh desculpe, eu fiz falta em você...”, “não, não, eu caí sozinho...”, “eu insisto, você não cairia se meu joelho não esbarrasse na sua coxa...” “você me tocou? Imagina cara!”. Ou, o centroavante parte com a bola dominada rumo ao gol e de repente pára: “o que houve” diz o árbitro. “eu estava impedido”, “mas nem o bandeira deu!” insiste o zagueiro adversário... Aí aparece o intermediador e decide a parada.
Assim caminha o futebol. O favor será mais importante que o gol; a educação será mais importante que a garra; a moral será mais importante que a torcida. A hipocrisia é mais importante que um pênalti.
Tenhamos paciência. Dunga é só mais um anão diante desse futuro, quando a copa do mundo será – copa do mundo não, copa não é estético, a sala-de-estar do mundo – será uma disputa – disputa também é feio – será uma competição para ver qual é o futebol mais coerente e fraterno do mundo. A seleção não será mais a Pátria de chuteiras e sim a Apatia de chuteiras.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um filme em Um D

Assisti hoje Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, dos diretores Marcelo Gomes (Cinema, Aspirinas e Urubus) e Karim Aïnouz (Madame Satã e O Céu de Suely).
Fui levado pela boa impressão dos trabalhos anteriores e não me arrependi. Só me incomodei. Viajo Porque Preciso... É um filme recomendado a todo hurbanoide. É um filme feio, porém, imperdível. Incomodante.
É a visão de um geólogo que viaja pelo sertão nordestino a fim de mapear o percurso de um canal para a transposição do Rio das Almas, único rio caudaloso da região. A crise do personagem é uma solidão tumultuada pela figura inesquecível da mulher amada, com outras que nem podem ser coadjuvantes dadas à desgraceira da realidade de seu mundo esquecido.
Não se sabe aonde começa a fotografia e o filme. As imagens são fotos vivas enquadradas na janela da caminhonete. As pessoas são quase um cenário tamanho é a coragem de encararem a câmera por infinitos períodos, - coisa que até ator tem dificuldade – o que acaba por nos incomodar. Dá vontade ao espectador de responder, mas não se pode e nem sabe o que.
Num tempo em que só se fala em imagens tridimensionais, o filme de Marcelo e Karim nos força a ver, em alguns instantes, imagens em 3D, mas sem os óculos.
Num tempo em que todo esse circo do cinema quer que entremos no filme e façamos parte da fantasia, Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, viaja em caminho oposto e faz-nos sentir em uma única dimensão: a dos que não conseguem e nunca vão conseguir, penetrar em algumas realidades deste País e de sua gente.

Tem pó

O que tem muito tempo, tem pó.
O que tem muito pó, cadê?
O que tem muita fé, não vê.
O que tem muito a ver, verdade
e o que tem muita verdade está só.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sem Título


quinta-feira, 6 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Nicho

terça-feira, 4 de maio de 2010

Assentado no trono

Assentado no trono é o melhor lugar para pensar. Que me desculpem os românticos e meditadores profissionais. Aliás, meditar não é pensar, ou é? E hoje em dia não se pode mais parar pra pensar, o mundo te atropela. Sei que a maioria não vai concordar e virão, com todo respeito, com aquela conversa que precisamos buscar momentos de solitude, (vejam como é sintomático, a Microsoft, aqui no meu World, não reconhece essa palavra) de reclusão, e que estar solitário não é o mesmo que estar sozinho e bla bla bla. (bla, aqui, é abreviação de blandíloquo, dono de voz branda e suave).
“Mas eu penso muito quando estou fazendo uma caminhada ou quando estou no metrô...”, alguns dirão. Não, neste momento estamos sendo estimulados de fora para dentro e até conseguimos uns insights. Na meditação budista esta palavra é vipassana (vi passando então pensei... Desculpem, não resisti ao trocadilho). O pensamento é algo que vem de dentro para dentro.
Assim, é assentado no trono que podemos verdadeiramente parar para pensar. Se parar para pensar é importante, ainda mais parar para fazer o intestino funcionar. É instante sublime de perfeita interação corpo e mente. A citação latina Mens sana in corpore sano, provavelmente fora construída neste instante. O intestino com bom funcionamento areja a mente. E quando você vai a uma consulta médica, especialmente essas de acupuntura ou homeopatia, eles não te perguntam se você está pensando normalmente, ou se o cérebro está funcionando; eles te perguntam se você está indo ao banheiro.
Os horizontes de serras e os ocasos não me fazem pensar. Só contemplo. Contemplo quando faço daquilo um templo e num templo não se pensa, se adora. Não pensem que os poetas montam suas palavras contemplando as maravilhas da natureza, ou que há lugares especiais para a produção intelectual. Uma pedra sob uma frondosa árvore no meio do mato e com toda sorte de pássaros brigando por seus frutos, é o lugar ideal até você ir até lá e não conseguir ficar mais que dez minutos, pois os mosquitos zoam nos seus ouvidos, quase entrando; a brisa não é tão agradável como você imaginou e a pedra não acomoda sua bunda por mais que você se ajeite.
Existem carismáticos carentes que interpretam cada movimento natural como uma epifania a socorrê-los. “... Se essa borboleta pousar em mim, vou saber que devo ir... Olha aquela nuvem, é um dedo apontando para o alto... Essa pessoa que veio me pedir uma informação foi enviada pelos céus e devo lhe mostrar o verdadeiro caminho...”.
O cubículo do banheiro é o melhor lugar onde até os claustrofóbicos não reclamam. Ali você não tem como dispersar. A porta é sua interlocutora. E porta, como todos sabem é uma porta, não fala. Você pode pensar a vontade que ela vai ficar neutra. Porta não tem preconceitos. Você pensa absurdos e pra ela tudo bem. Nada vai acontecer ali, a não ser o encontro de você com você mesmo e, claro, com sua melhor-pior produção, assim como são seus pensamentos; assim como são nossas intenções.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Como o não-evangélico traduz as coisas do evangélico (3)

Clique para ampliar (mas não vai ganhar nada com isso)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Seja feliz porque a vida galopa

Uma menina fez quinze anos.
Ela está presa nos dias da semana
e na cama produz pólen nos sonos.
Só no oitavo espirro se acalma.
Ela está livre de arrumar o quarto;
está livre de revelar pensamentos
que fogem nas palavras insanas
e regurgita o que não pode explicar.
O mapa-múndi é o mundo pregado
escondendo a parede pichada
de um mundo maior e escondido
nas revelações do seu rosto no espelho.
Uma menina fez quinze anos
e o mundo deve estar podre;
ela sente aromas azedos
e o mundo deve estar pobre;
tem dó do ladrão de brinquedos...
Uma menina fez quinze anos
pensando que faz tempo que fez,
e o telefone tocou uma única vez
desde que sempre existiu.
Não perde chance de falar.
Perde coisas caras
e quebra cara de coisas.
Dos pés come as unhas e a carne,
pra não andar onde não quer.
Não quis querer dançar a valsa,
mas quer querer pisar nos pés...

Uma menina fez quinze anos,
“seja feliz porque a vida galopa”.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Internet no Velho Testamento (2)

Clique na imagem (mas não a adore) para ampliar.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Um palíndromo


SORVI LIVROS

terça-feira, 20 de abril de 2010

A Internet no Velho Testamento


Clique para ampliar. Sem virus e sem spam que o diabo amassou.

sábado, 17 de abril de 2010

Quem se importa?

quinta-feira, 15 de abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Tatu Claustrofóbico (da Série, Animais Especiais)

Tadeu odiava o escuro. Mas não era o escuro, eram os lugares apertados e com uma única saída. Ao certo, Tadeu não sabia o que lhe incomodava tanto ao ter que entrar num buraco. Tadeu era claustrofóbico, mas não tinha este diagnóstico.
Diziam a ele que acabaria morto por passar tanto tempo fora da toca. Para Tadeu a agonia da morte estava justamente ali dentro. Do psíquico os sintomas passam ao físico e Tadeu começa transpirar dentro da carcaça, as patas ficam trêmulas e o coraçãozinho parece que vai explodir. O medo alimenta o medo e Tadeu sai como uma bala do buraco, o que faz aumentar ainda mais o batimento cardíaco, porém a luz e o ar externos o acalmam.
Devia fazer uma escolha quando os cães dos caçadores estavam por perto: a segurança mórbida do aperto escuro, ou o perigo vivificante da savana aberta. Optava pelo segundo. Isso acabou lhe garantindo um tipo de inteligência estratégica para encarar cães e caçadores. Como possuía uma carapaça óssea, dura e flexível, podia se fechar como se fosse um coco maduro em pequenas moitas, até em meio aos cactos, com as garras para cima. Quando vinha um cachorro, ele o feria no focinho, ponto fraco do inimigo. Sem cão, caçador não é nada – e gatos são muito sublimes para suportar o fedor de um Peba. Assim, despistava-os.
Tadeu era solitário não porque os tatus têm essa fama, mas porque não conseguia conviver nas comunidades subterrâneas. Sonhava um dia encontrar um parceiro com a mesma fobia. Quem sabe uma parceira... Achava na sua ignorância de Tatu-peba, que poderia gerar outros clautrofobicozinhos e, com muito treinamento e aperfeiçoamento de seus estratagemas, outros viriam se juntar ao novo modelo de sobrevivência, sem precisar construir túneis para todo lado e viverem subalternamente subterrâneos.
Seus iguais lhe censuravam: “você não pode fugir da sua natureza! Você foi feito para cavar!”
Tinha que absorver as troças dos outros tatus que em rodinhas ficavam medindo suas garras e competindo quem tirava mais terra em menos tempo. Ao passo que ele examinava as suas unhas cada vez mais atrofiadas por falta de exercícios. O que dava dignidade aos tatus, Tadeu desdenhava.
Tadeu passava horas e horas em meio a uns arbustos, refúgio que ele já se adaptara, quando havia caçador por perto - entenda-se por caçador não exatamente um sujeito bem equipado, botas e espingarda, cara de mau e cães de raça, mas um miserável morto de fome do Cerrado, com facão, pé no chão e vira-latas não menos miseráveis. Ali Tadeu aproveitava para pensar, enquanto deitado de costas, de papo pro ar, olhando o céu. Pensamento de Tatu-peba não vai muito longe, mas Tadeu explorava os seus limites. Pensava o que seriam aquelas coisas brancas, suspensas no ar, que se moviam lentamente mudando de forma a cada piscada de olho e que, por ser míope, a imaginação fluía e o fazia ver, dentro do seu restrito universo, figuras: um teiú; um tatu que vira formiga; uma cabeça de cão; um cateto; uma ave; um tatu de novo... Fica pensando também que passou grande parte da vida sem olhar para o céu. Seus semelhantes entendiam muito de terras e formigas, mas quase nada de pássaros. O seu faro é ótimo e lhe avisa quando deve parar com os pensamentos. Enquanto isso pensa no papo que teve com um Tatu-canastra e porque aquilo lhe ficava martelando. Era meio que proibido para um Tatu-peba a socialização com um Canastra. Para os Pebas o nome já dizia tudo: eram uns canastrões. Dissimulados, se faziam de coitados alegando que sua espécie estava em extinção e, muito embora os Pebas não entendessem muito bem o que isso significava, alguns eram iludidos e sediam suas tocas com muito custo escavadas, para esses tatus gigantes, natos fossadores que arrombavam tais moradias as deixando inabitáveis depois. Sem contar que seus hábitos noturnos fazia piorar sua reputação.
Contudo, para Tadeu, como sua fama entre os Pebas já não era lá essas coisas, trocou umas conversas certo dia com um Tatu-canastra. Aquilo que ficou martelando. O Canastra lhe contou numa noitinha, instante em que os pebas se recolhem, e enquanto degustavam um formigueiro em pânico, que descobriu nos recônditos subterrâneos, coisas indizíveis; sacrilégios.
- Como posso saber se está falando a verdade, se eu não entro por mais de um metro nesses buracos? - Respondeu Tadeu.
- Por baixo não podes, mas por cima vasculhas. – Retrucou o Canastra.
- E aí?
- E aí seu peba, vê se não está cheio de buracos ao entorno do... Do cemitério dos humanos.
- Que barbaridade!

A barbárie era que, segundo o Canastra, os Pebas estariam a comer cadáveres. Embora houvesse mesmo inúmeras tocas no entorno do cemitério, Tadeu não conseguiu provas contundentes, o que também não quis se esforçar para isso. E quando não há provas, há dúvidas. A prova faz cessar as reflexões, a dúvida as fomenta. Por isso, Tadeu passava cada vez mais tempo entre as moitas, pensando, pensando, mesmo quando já não havia mais vira-latas por perto.
Por fim, entre nuvens e cemitérios, passava pela cachola do Tadeu a sua condição de tatu-peba e por que razão tinha aquele medo todo da subterra. Era ele normal e todos os outros anormais desprovidos de medo, o medo que adverte contra absurdos e atrocidades? Por que então não aparece outro tatu, ou tatua, no mundo como ele? – Mundo de tatu é tão somente o seu habitatu, vale dizer.
Tadeu foi ficando cada vez mais isolado e a cada dia perdia mais o contatu com a realidade. Perdendo o medo de cães e caçadores; perdendo a coragem de enfrentar os becos; perdendo o preconceito de se aproximar dos Canastras; perdendo os limites do pensamento... Tadeu se tornou um andarilho, sem garras, de casco queimado, sobrevivendo de restos de cupinzeiros desabitados e raízes secas.
Visto cada vez menos aqui e acolá falando sozinho, algumas vezes gritando e praguejando, xingando de carniceiros a outros Pebas que riam e zombavam dele e os Pebinhas se divertiam jogando-lhe torrões e fazendo um círculo em volta dele até que se desesperasse.

Não possuindo mais dados fidedignos para essa narrativa, este narrador encerra com a última e maldosa informação, de que fora Tadeu adotado por um Tatu-galinha.